Carnaval de Rua em Santa Maria

Nos últimos tempos, o Carnaval de Rua em Santa Maria tem gerado intensos debates na imprensa, entre vereadores e, também, nas redes sociais. Enquanto uns defendem a realização, outros expressam desaprovação, questionando sua relevância e colocando em xeque os recursos públicos que seriam destinados ao evento. Comparações surgem, colocando o Carnaval lado a lado com eventos consagrados da cidade, como a Tertúlia Musical Nativista. Comparam ainda com feiras, como a Feisma, ou com exposições agropecuárias, como a Expofeira e, até mesmo, com rodeios. No entanto, essas comparações revelam-se inadequadas, pois cada evento possui sua identidade única e seu próprio valor cultural. Assim, a realização ou não de um evento não anula a existência do outro.


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Atores para a realização do Carnaval: Escolas de Samba - Capital Privado - Poder Público

Para a realização de um evento como o Carnaval de Rua, é fundamental a presença de três atores principais. Em primeiro lugar, os artistas da área, os carnavalescos e as Escolas de Samba, que necessitam de uma organização formal mínima, uma gestão profissional e uma capacidade de mobilização ao longo de todo o ano para que, assim, possam gerar receitas próprias e diminuir a dependência do dinheiro público. A mobilização apenas nos dias que antecedem a festa popular não é suficiente para a sua sustentabilidade. Se isso não ocorrer, certamente teremos problemas para a realização do evento.
Em segundo lugar, o capital privado desempenha um papel crucial do ponto de vista de investimento para realização do evento (que, é claro, busca retorno financeiro sobre esse investimento). O envolvimento privado, desde os veículos de comunicação, patrocinadores, distribuidores de bebidas e outros fornecedores, também é fundamental. Se esses públicos não entenderem o Carnaval como um bom negócio ou se não estiverem dispostos a investir, bom, novamente, a realização do Carnaval se torna um problema.
Por fim, o Poder Público é essencial, sim, nesse processo, fornecendo a infraestrutura necessária, além de apoio logístico e medidas de segurança que garantam não apenas a ordem, mas também a proteção de todos os participantes. Essa conjunção de esforços é vital para que o Carnaval se manifeste como um evento bem-sucedido, refletindo a riqueza cultural de maneira sustentável. Sem a disposição de um destes atores o evento não é sustentável.


Mobilização e organização: o primeiro passo

A formalização das Escolas de Samba é um pré-requisito indispensável para que possam colher os frutos de benefícios legais e financeiros. Ao se tornarem instituições formais, com CNPJ, diretoria e responsável técnico, essas organizações podem acessar uma variedade de linhas de financiamento, como as Leis de Incentivo à Cultura, cujos recursos são vitais não só para a realização de ensaios e apresentações, mas também para o Carnaval grandioso que tanto se fala nos últimos dias.


A importância da parcerias

Investir em parcerias é fundamental para o êxito dessas iniciativas. As Escolas de Samba podem estabelecer colaborações com o setor privado e outras entidades ligadas ao turismo, criando um ecossistema de apoio e desenvolvimento mútuo. Ao se unirem a marcas privadas, comprometidas com o Carnaval, com a cultura e com a responsabilidade social, essas instituições podem desenvolver projetos que favoreçam todos os envolvidos, reforçando uma imagem de engajamento social e de um Carnaval sustentável, diminuindo assim a dependência de dinheiro da Prefeitura. Onde estão estas empresas parceiras? Talvez com um projeto bem estruturado e apresentado pelas agremiações carnavalescas estes parceiros apareçam.


É preciso começar já

Sobretudo, é essencial ressaltar que não adianta apenas esperar o Carnaval chegar, a cada ano, sem um planejamento. A hora de agir é já. Ao unirem forças, a comunidade, as Escolas de Samba, as empresas e o Poder Público, têm-se a oportunidade de transformar o Carnaval de Santa Maria em um evento não só sustentável, mas também inovador.


Tornar-se protagonista em um Carnaval sustentável, que respeita as raízes e que movimenta a cidade, precisa de muito mais trabalho e muito menos discursos em tribunas, jornais e redes sociais. Todos os eventos que movimentam e desenvolvem a cidade são muito bem-vindos, desde que legalmente organizados, estruturados e sustentáveis.

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Ronie Gabbi

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